quarta-feira, 28 de abril de 2010

"A nova relação com o saber"

O texto, inicia abordando sobre a Educação e Cibercultura, propondo que qualquer imaginação sobre o futuro dos princípios de educação e de formação na cibercultura deve ser constituída em uma apreciação precedente da transformação moderna da afinidade com o saber. Com isso, a velocidade aparece como uma renovação de saberes, uma vez que, os conhecimentos obtidos serão totais ao final do percurso percorrido. Uma segunda constatação, refere-se à nova natureza do trabalho, na qual, os conhecimentos não param de ser adquiridos. Uma terceira, diz respeito, ao ciberespaço, tal qual, padece tecnologias intelectuais que amplificam, exteriorizam e modificam muitas funções cognitivas humanas. Não se deve delinear o que vai se aprender, em vista que, o trabalho-transição de conhecimento, as novas tecnologias da inteligência singular e grupal modificam fortemente as informações do problema da educação e da formação. Com isso, deve-se sempre edificar novos modelos do espaço dos conhecimentos. Devemos optar por uma imagem de espaços de conhecimento abertos, contínuos, em fluxo, se reorganizando a partir dos objetivos ou dos contextos nos quais cada um ocupa uma posição única e evolutiva. Assim, duas grandes reformas são cogentes nos sistemas de educação e formação: a primeira, é um novo modo de pedagogia, que beneficia ao mesmo tempo as aprendizagens personalizadas e a aprendizagem grupal em rede; a segunda abarca sobre o reconhecimento das experiências contraídas.
A página da Web é um elemento, mas devido aos links que difunde em direção ao restante da rede,constitui também uma seleção organizadora. Na Web, tudo se depara no mesmo plano, entretanto tudo é distinguido. Não há uma hierarquia total, cada site é um agente de separação de seleção. A Web vive em constante mudança, transformando-se permanentemente. Cada reserva de memória, grupo, indivíduo, objeto, pode tornar-se emitente e colaborar para que esse fluxo possa acontecer.
O saber não pode ser idealizado como algo abstrato no ciberespaço, ao contrário, ele se torna ainda mais real, por explanar uma população. As páginas da Web desembocam em uma comunicação direta, assim, as redes digitais interativas são aspectos vigorosos de encarnação do conhecimento. Ainda que, às vezes, não seja seguida de encontros, a interação do ciberespaço continua sendo uma forma de comunicação. É por meio das teclogias cognitivas que eles condicionam os valores e os critérios de julgamento das sociedades. Cada uma delas defende certos intérpretes, expostos como ponto principal dos processos de acumulação e exploração do saber. Nas antigas sociedades à escrita, o saber prático, mítico e ritual é encarnado pela comunidade viva. Com o nascimento da escrita, o saber é conduzido pelo livro. Após o achado da impressão, o saber passa a ser transportado pela biblioteca. Devido à volta espiral da oralidade original, o saber poderia ser outra vez conduzido pelas sociedades humanas vivas, apenas dessa vez, aquele que detinha o domínio do saber não seria mais a identidade física e sua lembrança carnal, mas o ciberespaço, a região dos mundos virtuais, por meio do qual as comunidades desvendam e estabelecem seus objetivos e avaliam a si mesmas como grupais complementares.
A simulação torna-se o papel principal entre os novos modos de conhecimento ocasionados pela cibercultura. Refere-se a uma tecnologia intelectual que amplia a fantasia singular e possibilita aos grupos que compartilhem, negociem e refinem modelos mentais comuns. As tecnologias intelectuais devem ser sempre pensadas em termos de articulação e de invenção de sinergia. Atualmente, os saberes, encontram-se reunidos em bases de informações acessíveis on-line, em mapas mantidos em tempo real pelos acontecimentos do mundo em simulações interativas. Uma maneira de universalidade mais concreta, pode ser encontrada com as capacidades de conexão, o respeito a padrões ou formatos, a compatibilidade planetária.
O ciberespaço tende a tornar-se a fundamental infra-estrutura de produção, transação e gerenciamento econômicos, será em breve o mais importante aparelhamento grupal internacional da memória, pensamento e comunicação. Ele será o intercessor necessário da inteligência coletiva da humanidade. Com isso, esse novo apoio de informação e de comunicação emerge gêneros de conhecimento inesperados, critérios de avaliação originais para encaminhar o saber, novos intérpretes de produção e tratamento dos conhecimentos.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

"A práxis pedagógica presente e futura e os conceitos de verdade e realidade frente às crises do conhecimento científico no século XX"

O texto, inicia abordando sobre os conceitos de verdade e realidade. Segundo Bohm (1989: 143), o pensamento e a ação humana são pendentes da noção genérica de ordem, em um local e período histórico, ocorrendo mutações na sociedade ou em qualquer área da vida quando esta noção é modificada. Isto é perceptível, quando se compara a cosmovisão da sociedade Medieval, da sociedade Moderna e da sociedade Contemporânea. A cosmovisão Medieval era a de uma ordem antemportal (eterna), em que cada coisa tinha seu lugar natural, além disso, as leis, a moral e ética estavam amparadas na religião e na filosofia. Na cosmovisão Moderna, atualmente ainda hegemônica, a maneira de pensar e de conceituar está associada à linguagem e às tecnologias da escrita. A escrita constitui condições para o distanciamento e a objetividade. Os modelos, as categorias necessárias à descrição e à interpretação da natureza e da sociedade, surgiram através da afinidade entre os textos e suas interpretações e, essa relação abrange uma forma de qualificar e organizar o conhecimento. Esta forma, promove a cobiça teórica e as aspirações à universalidade. A norma para o conhecimento é a “verdade”, crítica e objetiva, autônoma dos indivíduos que a comunicam.
Com os questionamentos e as transformações que acontecem no modelo científico e tecnológico, ressignificações acontecem na noção de ordem, o que tem proporcionado a configuração de uma nova cosmovisão, e nesta, a relação do homem com a natureza é analisada como inativa.
A reconfiguração da cosmovisão moderna está ligada com as novas problemáticas, multipolares, que estão surgindo na contemporaneidade, e estas tem gerado conflitos, reconfigurações,,conseqüências dentro das constituições sociais, subjetivas e políticas, e os novos meios técnico-científicos são expressivos nesse procedimento. Dessa forma, o saber científico entrou em colapso e, conseqüentemente o modernismo universal também. Contudo, após a Segunda-Guerra, percebe-se que a ciência pode ser favorável para a humanidade como pode destruí-la. Com isso, seria exigido um novo estilo de vida, com novas subjetividades, pensamentos e relações sociais e ambientais.
A comosmovisão contemporânea aponta que nenhum sistema pode analisado como se fosse independente por completo e nenhuma imagem é congruente ao próprio objeto. O processo é mutável, virtual, acessível à invenção de novos espaços.
Contudo, não se pode eliminar parte dos mitos e sonhos, como também não se pode eliminar as línguas, as técnicas de comunicação, representação e registro, pois, de acordo com Lévy (1993) o ser humano nunca atua só, sem ferramentas. A realidade e a verdade estão imbricadas uma na outra.
O autor então começa a abordar sobre a práxis pedagógica. A cosmovisão moderna, embasada na noção geral de ordem, a maioria das instituições sociais de nosso tempo e, uma dessas instituições é a escola. Enquanto a noção de ordem da escola é a da modernidade, a noção de ordem do mundo exterior da escola tende a ser a da cosmovisão contemporânea, prontamente se fazendo existente em vários setores da vida, especialmente na dos jovens-adultos. A reprovação e evasão escolar em graus elevados têm evidenciado que não há entendimento entre esses dois mundos e que essa não-comunicação, tem feito a escola ingressar em crise e tem movido a Educação a enclausurar-se num processo fechado, formalista. Por outro lado, as díspares formas de ação e interação vivente entre os alunos, como a violência na escola, apontam que o contexto de externo da escola, invade a mesma, mediado pelos estudantes, porém, essas diferentes formas ainda não abrangem os professores, sobretudo em relação à proposta pedagógica desenvolvida por eles, nem a própria instituição.
Atualmente, a noção de ordem da escola é embasada no princípio de formação científica, um conhecimento “verdadeiro” que deve ser passado ao estudante, sendo o educador o detentor dessa verdade. A aprendizagem é concebida como um procedimento particular, dependendo somente da determinação e perseverança de cada educando.
A escola, além de tentar extinguir a complexidade, também tenta extinguir a historicidade. O modelo pedagógico também é determinista e histórico, pois segue programas, estes, em geral são preparados em outras ocasiões, não na escola, mas são atribuídos a comunidade escolar. Atualmente, é perceptível que deve haver uma modificação na sala de aula, uma modificação intensa, que agrupe as novas formas de ser, de pensar e de agir que estão surgindo na contemporaneidade, especialmente com o comparecimento de tecnologias da informação e da comunicação dentro e fora da escola. Isto pode importunar a edificação de um novo modelo pedagógico. A tecnologia na escola não deve ser entendida somente como um instrumento ou ferramenta, é preciso compreender a tecnologia como o dizer, o entender, o intencionar o que se faz. É claro, que não é satisfatório alterar apenas a escola. É de extrema importância entender a educação de forma mais abrangente, além do espaço escolar, pois, desde que nascemos até morrermos, estamos em um constante processo de aprendizagem e subjetivação. O processo de educação se faz entre os sujeitos que se fazem homens particulares nesse processo interativo. Mas, ainda assim, a escola é um significativo espaço público de organização e sistematização de aprendizagem. Os conhecimentos originados nos diferentes ambientes sociais ostentam através da escola, formas de organicidade e sistematização que só podem imprimir um sistema formal de educação proposital. Torna-se assim, imprescindível, repensar o ser da escola para que a dinâmica que ali se instaure torne-se tão expressiva para a comunidade quanto às dinâmicas que se instaram nos demais espaços em que se interagem. Para isso, o modelo pedagógico não pode mais permanecer seguindo programas instituídos a priori. A ação da escola deve ser uma estratégia, uma arte de trabalhar com a incerteza, com o pensamento complexo, um pensamento que sabe que sempre é local, situado em um tempo e em um momento.